terça-feira, 16 de maio de 2017

Sobre os dois primeiros meses de Residência...


A experiência inicial de formação na Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade do HESFA-UFRJ vem sendo para mim, ao mesmo tempo, enriquecedora e desafiadora. Enriquecedora na medida em que, por meio das aulas teóricas e das vivências práticas, está possibilitando um acúmulo de saberes e uma ampliação do olhar para a realidade na qual se atua. Mas, ao passo que se compreende melhor o cenário das práticas, tem-se também uma maior compreensão das dificuldades do cotidiano de trabalho, marcado por inúmeros desafios institucionais, políticos e ideológicos.
Em relação às vivências de territorialização na Clínica da Família Rinaldo De Lamare, situada na Rocinha, vejo como relevante destacar três momentos: a chegada na clínica, a nossa organização para as atividades de territorialização e a inserção parcial no cotidiano de trabalho da equipe Vila Verde e do NASF. Durante nossa entrada na Clínica, os R2 foram extremamente acolhedores e o restante da equipe de saúde (preceptora, médica, ACS, gerência e profissionais do NASF) foi bastante receptiva. Ainda assim, nos sentimos um pouco perdidos nesse início em relação a como devíamos nos comportar enquanto Residentes Multiprofissionais em processo de territorialização e de que modo poderíamos nos encaixar na dinâmica de trabalho da clínica sem assumir o papel de trabalhadores efetivos e sem nos deixar levar pela demanda por mão-de-obra daquele espaço. A partir dessas questões, decidimos construir uma Agenda Padrão Mensal com todas as atividades que seria interessante desenvolvermos nesse primeiro momento, como: acompanhar o acolhimento; assistir as consultas da enfermeira e da médica da equipe, bem como as interconsultas dos profissionais do NASF; ir no território com os ACS da equipe; participar dos grupos e das ações de saúde desenvolvidas pela clínica; conhecer os demais dispositivos públicos, privados e as organizações sociais presentes no território; etc. Todas essas atividades foram pensadas buscando atingir o objetivo desse momento de territorialização, que trata-se de conhecer de fato o território, o serviço de saúde em questão e a população adscrita para, então, compreender as necessidades e potencialidades do trabalho naquele cenário. E foi a partir do desenvolvimento dessas atividades planejadas e da participação das reuniões de equipe que, aos poucos, nos vimos de certo modo já inseridos enquanto residentes em territorialização no cotidiano da clínica. Digo isso por sentir que já somos reconhecidos por toda a equipe Vila Verde e pelos profissionais do NASF e, ainda que precisamos reiterar em vários momentos, todos já sabem nosso papel e objetivo nesse processo de territorialização.
Assim, considero que os aprendizados associados à prática de trabalho já começaram a despontar nos nossos cotidianos no serviço, mostrando que as dificuldades não podem se tornar limites para o trabalho na Atenção Básica, mas sim devem impulsionar nossa atuação no sentido de explorar as potencialidades (do profissional, da equipe, do usuário, da comunidade, das políticas públicas, enfim, de todos os componentes envolvidos em cada caso) a fim de construir novos caminhos para antigos problemas.





Ass: Nathalia Pereira

Um comentário:

  1. Está sendo muito enriquecedor e plural cada dia desse processo!
    Att, Cássia

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