A experiência inicial de formação na Residência
Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade do HESFA-UFRJ vem sendo para mim, ao
mesmo tempo, enriquecedora e desafiadora. Enriquecedora na medida em que, por
meio das aulas teóricas e das vivências práticas, está possibilitando um
acúmulo de saberes e uma ampliação do olhar para a realidade na qual se atua.
Mas, ao passo que se compreende melhor o cenário das práticas, tem-se também
uma maior compreensão das dificuldades do cotidiano de trabalho, marcado por
inúmeros desafios institucionais, políticos e ideológicos.
Em relação às vivências de territorialização na
Clínica da Família Rinaldo De Lamare, situada na Rocinha, vejo como relevante destacar três momentos:
a chegada na clínica, a nossa organização para as atividades de
territorialização e a inserção parcial no cotidiano de trabalho da equipe Vila
Verde e do NASF. Durante nossa entrada na Clínica, os R2 foram extremamente
acolhedores e o restante da equipe de saúde (preceptora, médica, ACS, gerência
e profissionais do NASF) foi bastante receptiva. Ainda assim, nos sentimos um
pouco perdidos nesse início em relação a como devíamos nos comportar enquanto
Residentes Multiprofissionais em processo de territorialização e de que modo
poderíamos nos encaixar na dinâmica de trabalho da clínica sem assumir o papel
de trabalhadores efetivos e sem nos deixar levar pela demanda por mão-de-obra
daquele espaço. A partir dessas questões, decidimos construir uma Agenda Padrão
Mensal com todas as atividades que seria interessante desenvolvermos nesse
primeiro momento, como: acompanhar o acolhimento; assistir as consultas da
enfermeira e da médica da equipe, bem como as interconsultas dos profissionais
do NASF; ir no território com os ACS da equipe; participar dos grupos e das
ações de saúde desenvolvidas pela clínica; conhecer os demais dispositivos
públicos, privados e as organizações sociais presentes no território; etc.
Todas essas atividades foram pensadas buscando atingir o objetivo desse momento
de territorialização, que trata-se de conhecer de fato o território, o serviço
de saúde em questão e a população adscrita para, então, compreender as
necessidades e potencialidades do trabalho naquele cenário. E foi a partir do
desenvolvimento dessas atividades planejadas e da participação das reuniões de
equipe que, aos poucos, nos vimos de certo modo já inseridos enquanto
residentes em territorialização no cotidiano da clínica. Digo isso por sentir
que já somos reconhecidos por toda a equipe Vila Verde e pelos profissionais do
NASF e, ainda que precisamos reiterar em vários momentos, todos já sabem nosso
papel e objetivo nesse processo de territorialização.
Assim, considero que os aprendizados associados à prática
de trabalho já começaram a despontar nos nossos cotidianos no serviço,
mostrando que as dificuldades não podem se tornar limites para o trabalho na
Atenção Básica, mas sim devem impulsionar nossa atuação no sentido de explorar
as potencialidades (do profissional, da equipe, do usuário, da comunidade, das
políticas públicas, enfim, de todos os componentes envolvidos em cada caso) a fim de construir novos caminhos para antigos problemas.
Ass: Nathalia Pereira
Está sendo muito enriquecedor e plural cada dia desse processo!
ResponderExcluirAtt, Cássia