terça-feira, 28 de março de 2017

Vigilância Alimentar e Nutricional

Em nossa segunda aula do módulo de Vigilância em Saúde, com as professoras Aline e Raquel, abordamos as complexas mudanças dos padrões saúde-doença ao longo do tempo na história do Brasil. 
Foram discutidos alguns textos/reportagens de diferentes fontes que nos forneciam indicadores, como a taxa de mortalidade infantil no meu caso, com informações por vezes controversas, numéricas e taxativas a respeito da saúde (qual definição de saúde se faz uso aqui?). 
Para mim, ficou a inquietação de que a maior parte daqueles percentuais mais deixavam de dizer do que informar.
 Fico com a angústia da necessidade de um contexto que exemplificasse a importância de tais indicadores nos casos abordados, sobre o modo como podemos nos valer de dados epidemiológicos para pensar a saúde pública e um serviço de qualidade. 
E, por último e não menos importante, fico com a preocupação de que modo não enrigeceremos a prática do cuidado  na lógica das metas a serem atingidas, esquecendo a qualidade da atenção nos serviços que nem sempre estará registrada em indicadores concretos de saúde.

Karine.

7 comentários:

  1. Me sinto muitíssimo contemplada pela postagem da Karine :)
    Mas para somar à discussão, vou deixar aqui minhas apreensões desse segundo momento do módulo Vigilância em Saúde.

    Me agradou bastante ter duas nutricionistas conduzindo a aula. Até o momento, tínhamos tido praticamente só profissionais da enfermagem ministrando aulas e discussões. A possibilidade de conversarmos sobre saúde partindo de uma outra perspectiva me animou. Espero que esses espaços com contribuições de outros profissionais da saúde se tornem mais recorrentes na nossa Residência.

    A questão dos números, indicadores, níveis, taxas e estatísticas epidemiológicas continua me angustiando. Me parece haver muita coisa por trás de cada dado apresentado nas reportagens de saúde (ou melhor, de doença). Muitas questões que vão além dos índices quantitativos e que muitas vezes não são abordadas pelas notícias cotidianas dos jornais.

    Espero, então, que possamos construir durante esse nosso processo de formação como profissionais da saúde pública um olhar mais ampliado - que sempre se atente para essas lacunas, que sempre considere os determinantes sociais de saúde e que, de fato, enxergue o sujeito ou o fenômeno em sua integralidade. Espero também que a nossa experiência cotidiana nas Clínicas da Família nos traga mais sensibilidade para a produção de cuidado em saúde.

    Vou compartilhar aqui uma frase que, em meio a todos esses pensamentos, me veio à cabeça agora:
    "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." Carl Jung

    Ass: Nathalia

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  2. "Percentuais que mais deixam de dizer do que informam" realmente é um bom ponto de partida para reflexão.
    Nos deparamos constantemente com inúmeros dados que deixam de informar e passam a usar o poder sensacionalista que os números dispersos conseguem alavancar a imprensa.
    Cabe a nós como profissionais da saúde ter uma leitura profunda sobre cada dado explorado, sem nos deixar de sensibilizar por prevalências baixas que não podem ser negligenciadas.
    Exercitar vigilância em saúde ocorre no cotidiano, pois não podemos passar despercebidas as necessidades, as mudanças,o ambiente; é um conjunto de fatores que nunca está isolado no tempo e no espaço.

    Ass: Cássia

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  3. Nessa aula tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre dados e indicadores de saúde, além de poder relacioná-los diretamente com os aspectos nutricionais da população e compreender o estilo alimentar de cada região do Brasil.Infelizmente, a miséria e a fome ainda perpetuam em muitos lares brasileiros e em regiões esquecidas pelo poder público,o que por sua vez acabam acelerando as INEQUIDADES EM SAÚDE. Deixo aqui meu sincero agradecimento as professoras ALINE E RAQUEL pela importante temática abordada.

    Ass: Felipe

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Estou ficando cada vez mais surpresa e feliz em saber que conteúdos e temas que pareciam ser tão específicos para determinadas profissões, conseguem trazer todos os profissionais para discussão. Com certeza essas aulas estão transformando o olhar de todos os profissionais envolvidos, agregando um conhecimento necessário para melhorar nosso contato com usuário e nossa produção de conhecimento interdisciplinar. Apesar de fazer parte de uma profissão que parece um tanto quanto tecnicista, tenho sede desse tipo de discussão e me sinto completa vendo a forma como a residência aborda isso.
    Essa aula, particularmente, nos mostrou um pouco de como noticias repletas de números são transmitidas para população, sem explicação do que aquilo representa para o cidadão que está lendo, mostram dados quantitativos sem levantar questionamentos, sem desenvolver o “porquê” e o “como”.
    Sendo assim, aquelas reportagens continuarão sem representar nada para o leitor, apenas mais um passatempo. Afinal, desenvolver um pensamento crítico sobre números não é uma questão fácil, ainda mais quando esses dados parecem tão longe de uma rotina programada da população, mesmo intrínsecos nos problemas do dia a dia.

    Ass: Nathiele Chagas

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  6. Essa aula trouxe para o debate a importância de nos questionar sempre a respeito do que lemos ou escutamos na mídia, de forma que sejamos críticos para analisar as informações que nos são passadas. Por exemplo, um dado ou indicador não é apenas uma informação isolada, mas sim várias informações que não estão aparentes, mas que na verdade estão ali embutidas.
    O tema abordado de transição em saúde e transição alimentar e nutricional no Brasil nos levou a refletir sobre os fatores que influenciaram e influenciam essas mudanças ao longo do tempo, seja na política, na educação, na própria saúde ou em qualquer outro âmbito social, o que pra mim é muito importante, visto que é imprescindível entender esses pontos, para que a partir disso, possamos compreender a situação atual de saúde do país e para que se possa pensar em propostas para estar sempre tentando melhorar as condições de saúde da população.

    Daniella Curval

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  7. Quantos detalhes vcs expressaram aqui! O segmento de vigilância alimentar e nutricional estreou com tudo! Espero poder participar dos próximos! (Malditas agendas!) Rsrs
    Ao que parece, houve momentos de reflexões sobre a necessária relativização dos indicadores de saúde, com vistas à compreensão dos "porquês".
    Os relatos acima me remeteram a teorias sociológicas de autores como Pierre Bourdieu e Michel Foucault. Ambos refletiram e analisaram o "poder" das estatísticas e como, a partir dessas, as sociedades são "vigiadas" e normas são construídas para que grupos humanos se enquadrem!
    Forte abraço!

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