quarta-feira, 5 de abril de 2017

Escolhas alimentares



O que escolhemos trazer à boca diz muito sobre a trajetória de vida. O efeito compensatório, afetivo, consumista está por trás do gosto. As variáveis que determinam a aquisição de alimentos são muitas, permeando ao valor econômico, nutricional, comemorativo, psicológico que distanciam-se das questões fisiológicas.

Não se trata apenas de tempero, mas sim de um pertencimento único muitas vezes desvalorizado e motivo de juízo. As escolhas alimentares são determinadas desde a infância, dependendo do modo como o paladar é provocado e o desejo do comedor é desenvolvido.
Não é mais possível dissociar uma vida inteira de vivências, quando ser saudável significa resignificar prazeres ou acordar traumas.

O alimento não é apenas comida, mas sim, parte necessária do homem social. Comer também é consumir, é pertencer, assemelhando-se mais à vontade de comer e consumir prazer imediato.
Involuntariamente vivemos a dicotomia alimentar da fobia do novo e a necessidade do novo. Esse comportamento tende a gerar um sofrimento, pois, o tempo todo queremos buscar o deleite fácil e a culpa surge imediatamente diante da pressão sobre o cuidado com a imagem e o julgamento alheio.
Para mudar hábitos, é preciso um esforço maior que a ação inquisidora determinante que define o certo e o errado. Precisamos como profissionais estarmos sensíveis ao significado que o alimento carrega, abrindo exceções quando necessárias. Precisamos desenvolver a escuta ativa para compreender aquilo que pode ou não ser modificado, sem abrir mão do bem estar envolvido. 

Autor: Cássia Veras
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5 comentários:

  1. Comer em grande quantidade não significa comer com qualidade. Sabores e paladares permeiam opções alimentares e determinam nossas escolhas.A alimentação saudável continua sendo a melhor opção para a escolha do prato de cada refeição. Desejos ocultos devem ser saciados mas sempre com MODERAÇÃO.
    Ass: Felipe

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  2. Existe toda uma historicidade no alimentar-se que está para além da finalidade da nutrição em si. Um bebê no peito, por exemplo, permanece no ato de "chupetar" o seio mesmo quando a mãe percebe que ele já está saciado, contudo a busca pelo contato físico,o fortalecimento do vínculo da díade mãe-bebê está encontrando um meio de se estabelecer também através do "chupetar" o seio, do amamentar. O que quero dizer com esse exemplo é que a historicidade da nutrição carrega consigo um contexto familiar, social, cultural, econômico e subjetivo. Um emaranhado que não é óbvio e requer uma visão ampliada por parte de nós, profissionais da saúde. Como psicóloga, interrogo sempre qual a função da comida para o sujeito posto em análise. Interrogo a mim mesma também sobre a multideterminação do meu modo de me alimentar.Não é uma reflexão simples e pontual. Não raro ouvimos relatos explícitos de que a comida compensa uma série de emoções com as quais muitas vezes não sabemos como elaborar, dar vazão. "Engolimos comida como engolimos algumas frustrações na vida", "Não digerimos determinados alimentos como não digerimos determinados acontecimentos e experiências", "Precisamos de um doce quando estamos vivendo um momento muito amargo", "perdemos o apetite ou devoramos quando algo foge do nosso controle". Há várias associações que comumente ouvimos e até declaramos, sendo necessária a sensibilidade da escuta para compreender a função do "comer" excessivo ou restritivo naqueles que buscam suporte quando algo não vai "bem": temos os exemplos de transtornos alimentares com graus variados. Meu comentário em parte se dirige ao ponto de vista da psicologia, mas a aula foi muito esclarecedora principalmente para uma ampliação da abordagem do tema em perspectivas novas para mim.

    Ass: Karine

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  3. A alimentação e o ato de comer compõem parte importante da cultura de uma sociedade, ou seja, vai muito além do que simplesmente ingerir alimentos para sobreviver. Estão relacionados à identidade e ao sentimento de pertencimento social das pessoas e envolvem, ainda, aspectos relacionados ao tempo e à atenção dedicados a estas atividades, ao ambiente onde eles se dão, à partilha das refeições, ao conhecimento e informações disponíveis sobre alimentação, aos rituais e tradições e às possibilidades de escolha e acesso aos alimentos.
    Ou seja, pensar em alimentação é pensar em todo o contexto em que o indivíduo está inserido e ao mesmo tempo estar sempre repensando a medida que as mudanças naturais da vida ocorrem.

    Daniella Curval

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  4. Comida é afeto, identidade, cultura, abastecimento. O comportamento alimentar de um individuo significará um sentimento, um padrão,um tempo, um reconhecimento e um hábito diferente, corresponde também a todas as práticas relativas à alimentação desse indivíduo. As pessoas podem ser influenciadas pelas tradições, crenças, propagandas, internet, lembranças relacionadas ao consumo de determinados alimentos, bem como, as sensações provenientes dessa ingestão.
    Fazendo um link dessa aula com a minha graduação em odontologia, gostaria de trazer alguns elementos que são motivos de preocupação em minha profissão. Como todos sabem, nós dentistas temos uma longa história com o açúcar.
    Alguns números me impressionam, como por exemplo, há 30% mais pessoas que são obesas do que desnutridas. Até 40% das pessoas de peso normal desenvolvem doenças que constituem a síndrome metabólica: diabetes, hipertensão problemas, doença cardiovascular etc. No ponto de vista odontológico temos também a cárie, que é multifatorial, mas tem como um de seus atores o açúcar. È extremamente difícil lhe dar com esse consumo excessivo de açúcar, afinal doce é moeda troca, é recompensa, afeto, é a comemoração e a tristeza. O consumo de açúcar está tão inserido na sociedade que é quase impossível controlar. As Nações Unidas tem como os fatores de risco centrais das doenças não transmissíveis: tabaco, álcool e dieta. Dois desses 3 são regulados pelos governos para proteger a saúde pública, deixando um dos culpados primário para trás. Claro que regulação de alimentos é mais complicado, comida é necessária, enquanto tabaco e álcool são consumos não-essenciais. Gostaria de trazer pra vcs só mais uma referência para contribuir na reflexão. Em 2003, o psicólogo social Thomas Babor e seus colegas publicaram um livro referência chamado Álcool: Uma mercadoria não comum, em que eles estabelecem 4 critérios que justifica a regulação do álcool:
    1) A inevitabilidade – Ou onipresença em toda sociedade
    2) Toxicidade
    3) Potencial para abuso
    4) Impacto negativo na sociedade
    O Açúcar se enquadra nos mesmos critérios e eu acredito que similarmente justifica algum tipo de intervenção social.
    Achei interessante contribuir trazendo esse conteúdo, apesar de parecer limitado ao açúcar nos trás uma reflexão muito ampla, claramente esses danos sociais gerados pelo açúcar acontecem pelo consumo excessivo que já está incorporado na nossa sociedade, nos vínculos, na cultura. Porém é importante ressaltar que para alimentação, assim como tudo na vida, o consumo controlado não é o vilão, o equilíbrio é a chave para uma vida saudável, afinal a diferença entre o remédio e o veneno é a dose.

    Nathiele Chagas

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  5. São vários os determinantes nutricionais, determinantes esses que podem ser: Biológicos, econômicos, psicológicos, culturais, entre outros. A dificuldade de acesso a uma alimentação saudável desde a infância reflete na alimentação e na saúde da vida adulta. A má alimentação na infância e posteriormente na vida adulta vai influenciar a alimentação dos filhos e se reproduzi por toda uma família. Quem nunca ouviu as famosas frases “Eu comi quando era criança e não morri” ou “Eu dei para os meus filhos e estão todos vivos até hoje”?
    Os costumes alimentares são produzidos e reproduzidos de gerações para gerações.
    A praticidade na hora de escolher o que comer e onde comer influencia muitas formas de se alimentar, são vários os restaurantes, bares, quiosques, praças de alimentação, são muitos os alimentos nos supermercados que já são vendidos prontos, refrigerantes, comidas congeladas, biscoitos, entre outros. A vida moderna, o cotidiano corrido, as várias tarefas a realizar e a falta de tempo tem determinado novos hábitos alimentares e levado muitos a escolher pela praticidade.

    Ass: Thais Coelho

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