quarta-feira, 19 de abril de 2017

Espaço Social Alimentar



O conceito de espaço social alimentar envolve saberes da sociologia, antropologia e psicologia que permeiam a grande ciência da nutrição. Nesse sentido, a relação da alimentação com as ciências sociais e humanas fazem com que o estudo do ambiente alimentar se torne intrigante e ao mesmo tempo desafiador.
Desde a sua produção até o seu destino final (consumidor), o alimento passa por uma série de etapas que de alguma maneira determinam a sua característica e ao mesmo tempo a sua escolha. Juntamente com a globalização acelerada e o avanço do neoliberalismo econômico veio à industrialização de grande parcela dos produtos alimentícios, o que proporcionou a quebra do vínculo alimento e natureza, influenciando o estilo social e alimentar da sociedade.
A abundância dos alimentos industrializados encontrados na atualidade acaba confundindo até mesmo os consumidores mais experientes, fazendo com que os mesmos tentem distinguir o que é bom ou ruim nas prateleiras dos grandes mercados. Os cartéis de produção dos produtos alimentícios compõem esse cenário mercadológico capitalista que ao longo dos anos vem crescendo de maneira constante.
A influência cultural embasa os estilos alimentares pelo mundo, e definem o que, quando, onde e como comer. Segundo Bourdieu (1993), o hábito alimentar pode ser entendido com sendo um sistema de disposições duráveis, [...] predispostas a funcionar como estruturas estruturantes, isto é, como princípio gerador e estruturador das práticas e das representações.
O fenômeno da alimentação compreende uma análise das representações sociais, crenças, conhecimentos e práticas que são assimiladas e compartilhadas por indivíduos de uma dada cultura ou grupo social. Essa diversidade sociocultural define os modelos alimentares de cada tipo populacional.

 Autor: Felipe do Cabo Silva

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Território e Saúde


Quando se fala em território, a primeira coisa que vem à cabeça é sua demarcação geográfica.
A partir do momento em que abrimos nossos olhos e nossa mente para conhecê-lo, percebemos que o conceito de territorialidade rompe suas próprias barreiras.
O território representa vida em movimento e em transformação - sejam essas impulsionadas pelas leis da natureza e/ou pela força do ser humano.
Ao adentrarmos nele, observamos que o território não é apenas simbólico, cultural e material, ele também faz parte do nosso cotidiano, à medida que construímos nossas relações de interação social. Não nos esquecemos que, o território nos é solidário, sobretudo nas circunstâncias em que nos mostramos afetivos a ele.
Tais características são imprescindíveis para pensarmos a relação entre territorialidade e saúde pública.
Aqui, o território é reconhecido enquanto espaço socialmente organizado e, principalmente, político, no que diz respeito ao planejamento, à definição e à decisão das estratégias relacionadas ao processo saúde-doença-cuidado.
Exemplo emblemático disso são as Estratégias em Saúde da Família (ESF), que exercem um papel desafiador em desenvolver ações em saúde como promoção, prevenção, tratamento e reabilitação.
Pensar a política de saúde pública isolada da ideia de territorialidade - e de modo uniforme - é vedar os olhos para a realidade que se quer transformar.
É desconsiderar o território como espaço heterogêneo e plural.
E isso, de certo modo, é um posicionamento político.

Autor: Eduardo Vicente

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Escolhas alimentares



O que escolhemos trazer à boca diz muito sobre a trajetória de vida. O efeito compensatório, afetivo, consumista está por trás do gosto. As variáveis que determinam a aquisição de alimentos são muitas, permeando ao valor econômico, nutricional, comemorativo, psicológico que distanciam-se das questões fisiológicas.

Não se trata apenas de tempero, mas sim de um pertencimento único muitas vezes desvalorizado e motivo de juízo. As escolhas alimentares são determinadas desde a infância, dependendo do modo como o paladar é provocado e o desejo do comedor é desenvolvido.
Não é mais possível dissociar uma vida inteira de vivências, quando ser saudável significa resignificar prazeres ou acordar traumas.

O alimento não é apenas comida, mas sim, parte necessária do homem social. Comer também é consumir, é pertencer, assemelhando-se mais à vontade de comer e consumir prazer imediato.
Involuntariamente vivemos a dicotomia alimentar da fobia do novo e a necessidade do novo. Esse comportamento tende a gerar um sofrimento, pois, o tempo todo queremos buscar o deleite fácil e a culpa surge imediatamente diante da pressão sobre o cuidado com a imagem e o julgamento alheio.
Para mudar hábitos, é preciso um esforço maior que a ação inquisidora determinante que define o certo e o errado. Precisamos como profissionais estarmos sensíveis ao significado que o alimento carrega, abrindo exceções quando necessárias. Precisamos desenvolver a escuta ativa para compreender aquilo que pode ou não ser modificado, sem abrir mão do bem estar envolvido. 

Autor: Cássia Veras
Resultado de imagem para escolhas alimentares