No início era até difícil pronunciar, mas a prática do fazer diário foi explicando por si mesma essa tarefa.
Enquanto corria o tempo, mil afirmações foram necessárias. Na ação de conhecer o modo como as pessoas vivem e usam o território é instrumento rico para se planejar ações de saúde.
Na prática muitas foram as indagações, achismos de perda de tempo, sem compreensão do modo de trabalho, mesmo que no cotidiano institucionalizado façam o mesmo, monitorando o avançar das fronteiras dos barracos, realizando a vigilância das gestantes recém chegadas do Ceará, ou mesmo interrompendo o fluxo fazendo a limpeza dos cadastros inativos.
De fato, a territorialização é mais fácil de ser praticada do que explicada. Seguimos fazendo no gerúndio das práticas.
Autoria: Cássia Veras
Residência Multi Saúde da Família e Comunidade HESFA-UFRJ 2017
terça-feira, 19 de setembro de 2017
quarta-feira, 19 de julho de 2017
Acompanhamento do Programa Bolsa Família na CFSVM (Equipe Catumbi)
Informações sobre o Programa
Bolsa Família na Clínica Sérgio Vieira de Mello.
Os dados do programa bolsa
família precisam ser lançados no sistema para acompanhamento das
condicionalidades em dois períodos: primeiro e segundo semestre do ano.
Qualquer pessoa pode realizar esse lançamento desde que esteja habilitado
(médico, enfermeiro, agentes comunitários, técnico de enfermagem). No caso dos
agentes comunitários, existe um caderno na sala de observação com os dados que
serão lançados pelos médicos ou enfermeiros das equipes.
São exemplos de condicionalidades
do PBF: Vacinas em dia e estado nutricional. (crianças de 0 a 6 anos). Estado nutricional (mulheres de 10 a 49
anos). Acompanhamento da gestação (gestantes).
Em dias de campanha pode-se
realizar mutirão para realizar o acompanhamento dos usuários beneficiários do
programa bolsa família.
O acompanhamento das condicionalidades é realizado
durante as consultas na própria clínica, porém quando esses usuários não
comparecem à clínica, as equipes realizam busca ativa.
O lançamento se dá no Medicine One, sistema utilizado pela
clínica, que terá seus dados captados pela SUBPAV.
Os beneficiários da Clínica da
Família Sérgio Vieira de Mello são: equipe Navarro (466), equipe Coroa (504),
equipe Catumbi (267), equipe Mineira (518), equipe São Salvador (271), equipe
Paula Matos (257).
quinta-feira, 25 de maio de 2017
Saúde na Escola
Ação educativa sobre Arboviroses
Rompendo a rigidez do saber biomédico é um desafio falar a língua das crianças.
Para transmitir conceitos de saúde são necessários metodologias apropriadas a cada proposta
Utilizando recursos de audio e vídeo, foram dois turnos de ação com crianças de 4 a 6 anos, onde pudemos perceber os olhos atentos e a fala espontânea ao reconhecer focos do mosquito em suas próprias residências. Essa resposta positiva funciona como uma avaliação da atividade aplicada.
A vantagem que o público infantil nos apresenta é o de serem agentes multiplicadores em suas famílias e vizinhança, transmitindo o conhecimento no próprio cotidiano.
Autoria: Cássia Veras
terça-feira, 16 de maio de 2017
Sobre os dois primeiros meses de Residência...
A experiência inicial de formação na Residência
Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade do HESFA-UFRJ vem sendo para mim, ao
mesmo tempo, enriquecedora e desafiadora. Enriquecedora na medida em que, por
meio das aulas teóricas e das vivências práticas, está possibilitando um
acúmulo de saberes e uma ampliação do olhar para a realidade na qual se atua.
Mas, ao passo que se compreende melhor o cenário das práticas, tem-se também
uma maior compreensão das dificuldades do cotidiano de trabalho, marcado por
inúmeros desafios institucionais, políticos e ideológicos.
Em relação às vivências de territorialização na
Clínica da Família Rinaldo De Lamare, situada na Rocinha, vejo como relevante destacar três momentos:
a chegada na clínica, a nossa organização para as atividades de
territorialização e a inserção parcial no cotidiano de trabalho da equipe Vila
Verde e do NASF. Durante nossa entrada na Clínica, os R2 foram extremamente
acolhedores e o restante da equipe de saúde (preceptora, médica, ACS, gerência
e profissionais do NASF) foi bastante receptiva. Ainda assim, nos sentimos um
pouco perdidos nesse início em relação a como devíamos nos comportar enquanto
Residentes Multiprofissionais em processo de territorialização e de que modo
poderíamos nos encaixar na dinâmica de trabalho da clínica sem assumir o papel
de trabalhadores efetivos e sem nos deixar levar pela demanda por mão-de-obra
daquele espaço. A partir dessas questões, decidimos construir uma Agenda Padrão
Mensal com todas as atividades que seria interessante desenvolvermos nesse
primeiro momento, como: acompanhar o acolhimento; assistir as consultas da
enfermeira e da médica da equipe, bem como as interconsultas dos profissionais
do NASF; ir no território com os ACS da equipe; participar dos grupos e das
ações de saúde desenvolvidas pela clínica; conhecer os demais dispositivos
públicos, privados e as organizações sociais presentes no território; etc.
Todas essas atividades foram pensadas buscando atingir o objetivo desse momento
de territorialização, que trata-se de conhecer de fato o território, o serviço
de saúde em questão e a população adscrita para, então, compreender as
necessidades e potencialidades do trabalho naquele cenário. E foi a partir do
desenvolvimento dessas atividades planejadas e da participação das reuniões de
equipe que, aos poucos, nos vimos de certo modo já inseridos enquanto
residentes em territorialização no cotidiano da clínica. Digo isso por sentir
que já somos reconhecidos por toda a equipe Vila Verde e pelos profissionais do
NASF e, ainda que precisamos reiterar em vários momentos, todos já sabem nosso
papel e objetivo nesse processo de territorialização.
Assim, considero que os aprendizados associados à prática
de trabalho já começaram a despontar nos nossos cotidianos no serviço,
mostrando que as dificuldades não podem se tornar limites para o trabalho na
Atenção Básica, mas sim devem impulsionar nossa atuação no sentido de explorar
as potencialidades (do profissional, da equipe, do usuário, da comunidade, das
políticas públicas, enfim, de todos os componentes envolvidos em cada caso) a fim de construir novos caminhos para antigos problemas.
Ass: Nathalia Pereira
segunda-feira, 8 de maio de 2017
Ambiente Alimentar.
A alimentação é um dos
determinantes sociais da saúde e o comportamento alimentar é um fenômeno
complexo no qual estão englobados aspectos biológicos, psicológicos, sociais,
culturais e ambientais que se relacionam e se potencializam mutuamente. O
território tem grande influência sobre a alimentação dos usuários, pois é ele que
determina a disponibilidade de estabelecimentos e alimentos, a dificuldade do
acesso físico a esses estabelecimentos e a dificuldade do acesso financeiro. Por
isso é importante conhecer o território e ter um olhar atento que enxergue a
realidade do sujeito, considerando suas especificidades e as relações
estabelecidas nesse território, para só assim fazer qualquer tipo de
intervenção sobre ele.
Vivemos em um “ambiente
alimentar Macro” onde existem várias indústrias que monopolizam o mercado e levam
alimentos para vários cantos do mundo, o que contribui bastante para construção
de novos hábitos alimentares que antes, determinada população não tinham, e não
teriam se essas industrias não tivessem chegado até eles. Até mesmo a posição
dos alimentos nos supermercados ou em outros estabelecimentos determinam as
escolhas alimentares é o chamado “ambiente do consumidor”, não é à toa que na
maioria dos estabelecimentos o corredor que leva ao caixa estão cheios de guloseimas.
Existem ainda o “ambiente de
informações” que inclui a mídia e a publicidade, o “ambiente comunitário” que
são as disponibilidades de estabelecimentos que vendem produtos saudáveis e não
saudáveis e seus horários de funcionamento, entre outros. Todos esses ambientes
alimentares influenciam na escolha por uma alimentação saudável o que impacta
diretamente na saúde da população.
Thais Coelho.
quarta-feira, 19 de abril de 2017
Espaço Social Alimentar
O conceito de
espaço social alimentar envolve saberes da sociologia, antropologia e
psicologia que permeiam a grande ciência da nutrição. Nesse sentido, a relação
da alimentação com as ciências sociais e humanas fazem com que o estudo do
ambiente alimentar se torne intrigante e ao mesmo tempo desafiador.
Desde a sua
produção até o seu destino final (consumidor), o alimento passa por uma série
de etapas que de alguma maneira determinam a sua característica e ao mesmo tempo
a sua escolha. Juntamente com a globalização acelerada e o avanço do
neoliberalismo econômico veio à industrialização de grande parcela dos produtos
alimentícios, o que proporcionou a quebra do vínculo alimento e natureza,
influenciando o estilo social e alimentar da sociedade.
A abundância
dos alimentos industrializados encontrados na atualidade acaba confundindo até
mesmo os consumidores mais experientes, fazendo com que os mesmos tentem distinguir
o que é bom ou ruim nas prateleiras dos grandes mercados. Os cartéis de
produção dos produtos alimentícios compõem esse cenário mercadológico
capitalista que ao longo dos anos vem crescendo de maneira constante.
A influência
cultural embasa os estilos alimentares pelo mundo, e definem o que, quando, onde e
como comer. Segundo Bourdieu (1993), o hábito alimentar pode ser entendido com
sendo um sistema de disposições duráveis, [...] predispostas a funcionar como
estruturas estruturantes, isto é, como princípio gerador e estruturador das
práticas e das representações.
O fenômeno da
alimentação compreende uma análise das representações sociais, crenças,
conhecimentos e práticas que são assimiladas e compartilhadas por indivíduos de
uma dada cultura ou grupo social. Essa diversidade sociocultural define os modelos alimentares de cada tipo populacional.
quinta-feira, 13 de abril de 2017
Território e Saúde
Quando se fala em território, a primeira coisa que vem à cabeça é sua demarcação geográfica.
A partir do momento em que abrimos nossos olhos e nossa mente para conhecê-lo, percebemos que o conceito de territorialidade rompe suas próprias barreiras.
O território representa vida em movimento e em transformação - sejam essas impulsionadas pelas leis da natureza e/ou pela força do ser humano.
Ao adentrarmos nele, observamos que o território não é apenas simbólico, cultural e material, ele também faz parte do nosso cotidiano, à medida que construímos nossas relações de interação social. Não nos esquecemos que, o território nos é solidário, sobretudo nas circunstâncias em que nos mostramos afetivos a ele.
Tais características são imprescindíveis para pensarmos a relação entre territorialidade e saúde pública.
Aqui, o território é reconhecido enquanto espaço socialmente organizado e, principalmente, político, no que diz respeito ao planejamento, à definição e à decisão das estratégias relacionadas ao processo saúde-doença-cuidado.
Exemplo emblemático disso são as Estratégias em Saúde da Família (ESF), que exercem um papel desafiador em desenvolver ações em saúde como promoção, prevenção, tratamento e reabilitação.
Pensar a política de saúde pública isolada da ideia de territorialidade - e de modo uniforme - é vedar os olhos para a realidade que se quer transformar.
É desconsiderar o território como espaço heterogêneo e plural.
E isso, de certo modo, é um posicionamento político.
Autor: Eduardo Vicente
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